Menu fechado

Bem-Estar Animal em Festas Campeiras

O GAÚCHO TRATA BEM A BICHARADA!

É quase impossível se pensar em gaúcho sem pensar nos animais que o cercam. O cavalo, a gadaria, o cachorro… são mais que meros animais, são amigos, instrumentos vivos de trabalho e sustento. Na cultura gaúcha num todo, no trabalho do campo, e hoje, na cultura tradicionalista, em festas campeiras, o gaúcho e o cavalo são quase inseparáveis, exercem uma parceria que vai muito além do que se pensa.

Sobre o lombo do cavalo, o tropeiro desbravou rotas, o gaúcho pastoreou boiadas, defendeu a terra… As juntas de bois fizeram roçados que antecederam os grandes campos cultivados… O cachorro, amigo de toda hora, é companheiro do mate e guarda da casa. E assim, o gaúcho compreende, por herança da tradição, que sem os animais ele não é nada! Cuida-los faz parte da índole do bom gaúcho!

O Movimento Tradicionalista Gaúcho do Estado de Santa Catarina presa de modo especial pelas boas relações entre homens e animais. Em suas atividades, que são de culto à tradições dos antepassados, o Movimento seleciona, acolhe e muitas vezes transforma, tradições de trabalho em atividades culturais, sobretudo, adaptando-as à melhores condições de bem estar, não apenas por obrigação legal ou moral, mas por querer bem os bichos que o cercam.

O MTG/SC, através de seu Departamento Sanitário, orienta os tradicionalistas conforme as normativas estabelecidas pela CIDASC – Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina, responsável pelo Guia de Transporte Animal – GTA, indicar as vacinas, exames e demais ações sanitárias necessárias para o bem estar animal e saúde pública.

ORIENTAÇÕES E NORMAS PARA O BEM ESTAR ANIMAL

As ações práticas para o bem estar animal devem ser asseguradas pelos promotores de cada evento. As irregularidades, podem ser denunciadas aos Patrões, Coordenadores Campeiros ou direto ao disque-denúncia da CIDASC 0800 643 9300.

  • Todo evento tradicionalista que contenha junção de animais, além de ser cadastrado junto ao MTG/SC através da Coordenação Campeira, deve também ser cadastrado na CIDASC;
  • Vacinação para influenza equina;
  • Exame de Anemia Infecciosa Equina (AIE) e mormo nos equinos;
  • O gado deve ser cadastrado junto à CIDASC e identificado por “brincos”;
  • Verificação de mangueiras, bretes e áreas de descanso, observando a ausência de pontas de pregos, parafusos, e tábuas ou palanques com formatos que possam machucar algum animal;
  • Avaliação de médico veterinário responsável, assegurando que o parque tenha estrutura de água, área de descanso e alimentação para os bovinos e equinos;
  • Orientação para que o transporte dos animais ocorram em horários mais frescos e em caminhões adequados, como boiadeiros;
  • Nenhum animal em hipótese alguma deverá participar da festa campeira mal nutrido, doente, fadigado ou com reação sugestiva de dor ou desconforto;
  • Os animais não devem participar por um período muito longo com muitas voltas na cancha sem o devido descanso, as festas campeiras devem seguir o regulamento que determina os horários de início e término das provas campeiras;
  • Nunca se deve bater, fazer pressão em excesso em áreas sensíveis causando dor ou sofrimento, para que se consiga uma resposta positiva do animal, deve sempre se utilizar de métodos de recompensa positiva;
  • Conhecer as encilhas tradicionais gaúchas, suas funcionalidades e utilizá-las adequadamente.

Se em alguma Festa Campeira oficializada junto ao MTG/SC – seja na cancha ou dependências do parque – ocorrer algum tipo de mau trato a algum animal, o responsável pelo ato sofrerá as punições previstas no Art. 32 do Regulamento Campeiro do MTG/SC e poderá ser convidado a se retirar do parque. Ainda, considera-se a aplicação das Leis de Proteção Animal pelos órgãos responsáveis.

O ARREIO GAÚCHO

O arreio gaúcho, de uso tradicional é um conjunto de peças de montaria que facilitam a equitação, passado pelas gerações através da oralidade (folclore).

Essas peças tem funcionalidades adequadas tanto para a proteção do cavalo quanto para a estabilidade do gaúcho ao montar, e foram testadas pela sociedade gaúcha que se serviu da montaria em cavalos e mulas por muitas gerações, sendo que os usos e costumes trouxeram aos dias de hoje somente as boas experiências, eliminando com o tempo as peças e usos que não suprissem a necessidade de conforto para manter a boa relação entre homem e animal.

O encilhar à gaúcha, além de ser uma das tantas tradições que identificam os aspectos culturais da nossa gente, serve para dar comodidade, suporte e estabilidade ao ginete e conforto ao cavalo, pois as peças usadas são anatômicas e feitas com materiais adequados.

Exemplos simples são os xergões feitos com lã, primeira peça de contato com o cavalo que serve para protege-lo sobretudo das demais peças de montaria feitas majoritariamente de couro; a carona, feita de sola ou couro cru, é outra peça que serve para a proteção ao suor e melhorar a distribuição do peso sobreposto; o basto, com suas basteiras anatômicas servem como verdadeiras almofadas priorizando o conforto do animal.

As peças de embocadura não devem ter pontas, rugosidades e formatos que apertem, cortem ou belisquem a boca do cavalo, não devem também exercer pressão acima do aceitável para o controle do cavalo e estabilidade de quem monta.

Todos os arreios são experimentados a anos e fixados pela tradição, porque são necessários à boa montaria e sobretudo ao conforto animal, pois sem ele e sob uma ótima relação com ele, o gaúcho seria um ser incompleto.